Kate Plays Christine

Acompanhamos o processo de transformação da actriz Kate Lyn Sheil na jornalista Christine Chubbuck, a primeira pessoa a cometer suícidio em direto na televisão.

O filme baseia-se no caso real da jornalista que, insatisfeita com a sua vida pessoal (dizia que ninguém a queria, como mulher) e profissional (não estava de acordo com a linha editorial da estação de tv onde trabalhava), deu um tiro na cabeça em direto na tv americana em 1974.
A abordagem ao caso é interessante, num misto de ficção e documentário filmado de uma maneira intimista e nostálgica que (supostamente) explora também a psique da actiz Kate. Existem entrevistas reais e vemos a actriz a efetuar um trabalho de pesquisa para tentar perceber melhor a personalidade e a vida de Christine.
Existem no entanto vários problemas neste filme. O primeiro é o facto de Kate estar ela própria a representar Kate a actriz perturbada com a cena de suicídio e solidária com Christine, existindo um excesso de dramatismo a este nível. Depois temos a própria personagem da jornalista cujo suícidio ficou muito mais a dever-se a um mero estado de depressão do que propriamente a um qualquer protesto ou ideal romântico. Christine era no fundo uma mulher banal mas com graves problemas de autoestisma. Muito longe de ser uma pessoa extraordinária e com muito pouco para fazer dela uma personagem cinematográficamente interessante. Há ainda um lamentável e excessivo moralismo na cena final. Na realidade, não estamos assim tão morbidamente curiosos para assistir ao suícidio, tal como a atriz pensa e por isso tão ásperamente nos censura quando olha diretamente para a camera e ralha connosco.
Fica a curiosidade de ver o filme Christine, o filme verdadeiramente biográfico sobre a jornalista.

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