Dunkirk | Dunquerque

Cerca de 400 mil soldados do exército inglês, encurralados em Dunquerque pelos alemães, aguardam transporte por barco para Inglaterra.

A tarefa de Nolan era herculea. Qualquer história baseada nos factos ocorridos em Dunquerque na Segunda Guerra Mundial exigiria uma recriação histórica que, feita à luz dos meios técnicos que o cinema actual dispõe, teria de ser sempre, necessariamente, muito realista. Nolan acaba por subverter, em parte esta ideia, recriando antes o realismo humano de Dunquerque, relegando para segundo plano, o realismo gráfico e cénico. Temos uma cenografia muito clean, que se traduz numa opção artística e técnica muito interessante. Apostaria que no filme não foi ou muito espaçadamente foi utilizado blue screen e os retoques digitais terão sido mínimos. Foi na Dunquerque actual que decorreram as filmagens e pareceu-me que não terá havido a preocupação de a transvestir para a sua aparência de 1940.
Mas o filme não fica mais pobre por causa disto. Antes pelo contrário, cria espaço para o que realmente interessou mostrar, também sem banhos de sangue, histerias ou heroismos mais que previsíveis. Existe a este nível uma ironia: aqueles que mais vidas terão salvado são os que se sacrificam e acabam nas mãos do inimigo.
Há depois um inteligente jogo de cenas em tempo diferido, de silêncios e caos metódicos, que fazem de Dunkirk um grande filme.

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