Alien | O Oitavo Passageiro

Alien - O 8.º Passageiro PosterOs tripulantes duma nave carregada de minério, que efetua uma tranquila viagem de regresso à Terra, são acordados do seu sono criogénico pela Mãe, o computador da nave, a fim de investigarem um sinal indecifrável que está ser emitido a partir de um planeta desconhecido.
Após aterrarem no inóspito planeta, descobrem uma nave alienígena, aparentemente despenhada, com um estranho ser, já fossilizado, aos comandos. No porão da nave um dos tripulantes encontra milhares de ovos e quando um deles eclode, sai do seu interior um animal que torna hospedeiro para um ser extraterrestre que, após sair violentamente do interior do homem, crescerá rapidamente, transformando-se numa máquina assassina perfeita...

E à enésima vez que vi o Alien, o original, uma suposta versão director's cut do realizador Riddley Scott, começo, finalmente, a detetar algumas, pequenas, pequeníssimas falhas, naquilo que é a grandiosidade do filme, principalmente ao nível da montagem. Pode ter sido da versão que vi, mas vi o filme engasgar algumas vezes, alguns cortes pouco conseguidos...
Algumas opções do realizador também me parecem agora de eficácia duvidosa... Estou a lembrar-me da cena da língua/boca, quando o bicho, numa espécie de inexplicável letargia, a exibe...apenas. Vê-se a língua a sair e depois a voltar a recolher à boca do bicho. Em termos de efeitos especiais, apesar de escorrer baba a montes, falta-lhe organicidade, é algo demasiado mecânico, uma simples exibição da característica marcante do bicho e simultaneamente da habilidade da equipa de efeitos especiais mas que podia e devia ter sido enquadrada na acção...
Dá igualmente para perceber porque foi Cameron, no filme seguinte, quem definitivamente catapultou o culto e até valorizou o filme anterior, onde aliás vai buscar inspiração para o esquema narrativo, clonando  algumas sequências, em jeito de homenagem. A opção de Cameron de tornar o bicho menos humanóide foi decididamente feliz, para já não falar na introdução dessa personagem fulcral, a rainha, amaldiçoada, pelo menos inicialmente pelo Giger, o criador do monstro original que, ao logo dos filmes subsequentes, sofreu mais ou menos evidentes mutações, diria felizes, justificadas por upgrades estéticos (a este nível parece que só a versão original parece-me mais datada), e pelo tipo de hospedeiro. As características do monstro variam, portanto, consoante o tipo de hospedeiro que, à partida, poderá ser qualquer ser vivo...
Giger voltou a participar no Alien 3 para criar uma versão mais canídea do monstro, afastando-se do design sacrílego (cabeça não translucida) de Aliens (Cameron), dotando-o duma flexibilidade e agressividade estética que serviria de mote para as recriações seguintes. Em Alien, o monstro está demasiadamente preso ao ator que está dentro do fato... As inovações ao nível dos efeitos especiais, principalmente no domínio digital, vieram dar liberdade criativa a Giger, aparecendo o monstro nos filmes seguintes, principalmente no Alien: Resurrection (o quarto e mais saudavelmente irreverente e europeu filme, realizado por Jeunnet), em todo o seu esplendor e em múltiplas sequências de ação que não são meramente resultado de tomadas alternadas e bruscas, truques de montagem que são um recurso abusado em demasia no filme de Cameron.
Apesar de tudo Alien está a envelhecer bem e é, definitivamente, o pináculo dos filmes de terror espacial. A tecnologia da nave parece agora vintage, com todos aqueles botões demodé (a tecnologia touch estava ainda longe dos radares dos criativos) e monitores arcaicos, com os seus gráficos de 8 bits. Tecnologia ultrapassada, ainda mais se pensarmos que, na timeline da saga, a Prometheus (nave do filme com o mesmo nome) será muito anterior à Nostromo (nave deste filme). Contudo o look retro dá-lhe bastante charme. E o filme merece ser vistos pelos olhos de um espectador que deverá fazer o exercício de se situar nos já longínquos anos 70. Não pode ser atacado pelas incoerências, porque essas, todos os filmes têm, principalmente aquelas provocadas por sequelas ou prequelas. Ficção é isso mesmo, plantar subtis incoerências para tornar uma história mais interessante ao paladar. Convém é que sejam o mais subtis possível...e o mal de vermos muitas vezes o mesmo filme é que elas têm tendência para se revelar...

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