Watchers, The | Eles veem tudo

O carro de uma jovem avaria no meio de uma floresta irlandesa onde, por tradição local, ninguém sai depois do pôr do sol. Resgatada por três estranhos, é levada para um abrigo com uma enorme janela de vidro onde todas as noites se cumpre um ritual simples: ficar imóvel, bem visível, enquanto criaturas invisíveis os observam do outro lado. Tentativas de fuga acabam sempre em perseguições na floresta, desaparecimentos súbitos e regressos forçados ao aquário humano. Aos poucos, surgem revelações sobre túneis, casas falsas, regras que ninguém escreveu mas todos obedecem, e a origem dos observadores.

The Watchers encaixa-se com demasiada facilidade no padrão já bem conhecido do universo Shyamalan: um filme que aposta em parte no lançamento da carreiras de membros da sua família e quase tudo no efeito-surpresa, confiando que os twists finais compensem um percurso narrativo que, pelo caminho, exige do espectador um generoso exercício de suspensão da descrença. 

Aqui, essa exigência é ainda maior, ao ancorar a história numa mitologia folk que convoca claramente o imaginário das fadas e do folclore ancestral, recurso que, em pleno século XXI, soa mais a artifício rebuscado do que a reinvenção eficaz do género. A tentativa de transportar uma lógica de conto de fadas para um registo de terror “adulto” e atual acaba por empurrar o filme para lá do verosímil, fragilizando o impacto emocional. 

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