
Após aterrarem no inóspito planeta, descobrem uma nave alienígena, aparentemente despenhada, com um estranho ser, já fossilizado, aos comandos. No porão da nave um dos tripulantes encontra milhares de ovos e quando um deles eclode, sai do seu interior um animal que torna hospedeiro para um ser extraterrestre que, após sair violentamente do interior do homem, crescerá rapidamente, transformando-se numa máquina assassina perfeita...
E à enésima vez que vi o Alien, o original, uma suposta versão director's cut do realizador Riddley Scott, começo, finalmente, a detetar algumas, pequenas, pequeníssimas falhas, naquilo que é a grandiosidade do filme, principalmente ao nível da montagem. Pode ter sido da versão que vi, mas vi o filme engasgar algumas vezes, alguns cortes pouco conseguidos...
Algumas opções do realizador também me parecem agora de eficácia duvidosa... Estou a lembrar-me da cena da língua/boca, quando o bicho, numa espécie de inexplicável letargia, a exibe...apenas. Vê-se a língua a sair e depois a voltar a recolher à boca do bicho. Em termos de efeitos especiais, apesar de escorrer baba a montes, falta-lhe organicidade, é algo demasiado mecânico, uma simples exibição da característica marcante do bicho e simultaneamente da habilidade da equipa de efeitos especiais mas que podia e devia ter sido enquadrada na acção...
Dá igualmente para perceber porque foi Cameron, no filme seguinte, quem definitivamente catapultou o culto e até valorizou o filme anterior, onde aliás vai buscar inspiração para o esquema narrativo, clonando algumas sequências, em jeito de homenagem. A opção de Cameron de tornar o bicho menos humanóide foi decididamente feliz, para já não falar na introdução dessa personagem fulcral, a rainha, amaldiçoada, pelo menos inicialmente pelo Giger, o criador do monstro original que, ao logo dos filmes subsequentes, sofreu mais ou menos evidentes mutações, diria felizes, justificadas por upgrades estéticos (a este nível parece que só a versão original parece-me mais datada), e pelo tipo de hospedeiro. As características do monstro variam, portanto, consoante o tipo de hospedeiro que, à partida, poderá ser qualquer ser vivo...
Giger voltou a participar no Alien 3 para criar uma versão mais canídea do monstro, afastando-se do design sacrílego (cabeça não translucida) de Aliens (Cameron), dotando-o duma flexibilidade e agressividade estética que serviria de mote para as recriações seguintes. Em Alien, o monstro está demasiadamente preso ao ator que está dentro do fato... As inovações ao nível dos efeitos especiais, principalmente no domínio digital, vieram dar liberdade criativa a Giger, aparecendo o monstro nos filmes seguintes, principalmente no Alien: Resurrection (o quarto e mais saudavelmente irreverente e europeu filme, realizado por Jeunnet), em todo o seu esplendor e em múltiplas sequências de ação que não são meramente resultado de tomadas alternadas e bruscas, truques de montagem que são um recurso abusado em demasia no filme de Cameron.
Apesar de tudo Alien está a envelhecer bem e é, definitivamente, o pináculo dos filmes de terror espacial. A tecnologia da nave parece agora vintage, com todos aqueles botões demodé (a tecnologia touch estava ainda longe dos radares dos criativos) e monitores arcaicos, com os seus gráficos de 8 bits. Tecnologia ultrapassada, ainda mais se pensarmos que, na timeline da saga, a Prometheus (nave do filme com o mesmo nome) será muito anterior à Nostromo (nave deste filme). Contudo o look retro dá-lhe bastante charme. E o filme merece ser vistos pelos olhos de um espectador que deverá fazer o exercício de se situar nos já longínquos anos 70. Não pode ser atacado pelas incoerências, porque essas, todos os filmes têm, principalmente aquelas provocadas por sequelas ou prequelas. Ficção é isso mesmo, plantar subtis incoerências para tornar uma história mais interessante ao paladar. Convém é que sejam o mais subtis possível...e o mal de vermos muitas vezes o mesmo filme é que elas têm tendência para se revelar...
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